Sopa de quê

Sentou-se e começou a rir. Comeu toda a sopa. Levantou-se e despediu-se dos demais. Voltou no outro dia com a mesma cara. Não sorriu após sentar, mas como sempre tomou toda a sopa, levantou-se e despediu-se sem ser notado. Foi a última vez que ele quis ir lá. Andava cansado e como muitos, entediado. A sopa era a única coisa que o fazia voltar lá. De vez em quando sentia saudades daquele gosto, mas nem tudo o que é saudade é pra se fazer voltar. Ele quis ficar tranquilo com a vida. Não queria mais aquelas ansiedades, nem o gosto estranho da desgraça alheia em sua face. Decidiu mudar de vida como quem muda de dieta. Trocou a sopa por um velho caldo de feijão à moda de sua mãe, gosto de infância. Um dia, ele voltou lá, mas não tomou a sopa, nem sorriu, nem sentou-se, e nem se despediu. Apenas manteve-se a observar os que ainda estavam por lá. A felicidade, o sucesso, a nobreza dos que gostavam de tudo aquilo.


Ficou pasmo com tanta gente dançando samba.