Quando sentei na calçada do ponto de ônibus junto ao grande juazeiro, logo após me restabelecer da queda após o salto, fechei os olhos. De tão cansado que estava me imaginei no alpendre da casa dos meus avós bebendo refresco açucarado de caju e admirando o lusco-fusco do entardecer mas ao abri-los me vi ali debaixo do mesmo sol pesado, mirando na contraluz do meio dia os carcarás sobrevoando alguma carcaça no sopé da serra que subia a partir da extensa plantação de mamona que tinha a minha frente. Ele colocou a mão no meu ombro e foi a primeira vez que se manifestou. Eu, de tão observador que sou, nunca havia notado a sua presença, embora o seu perfume fosse nauseadamente dejavu.
Muito mais baixo do que eu, mas inexplicavelmente muito igual a mim, não era exatamente uma cópia reduzida. Acima de tudo era bem mais forte, com a pele castigada pelo sol grande do sertão e repleto de certeza nos pequenos gestos. Vestia um terno branco e calçava uma sandália de couro cru estilo alpargatas. Tinha também os óculos escuros, um Ray-ban “a la” Valdique Soriano. E foram estes óculos que disfarçaram a sua cegueira de imediato. Após uns cinco minutos em silêncio e ainda em espanto, resolvi levantar e seguir caminho, embora tenha apenas atravessado a estrada de terra fulva em direção a entrada do povoado.
Eu estava numa peregrinação pelo sertão central cearense em busca de um homem desaparecido gastando meus últimos dias assim, encontrando coisas sumidas. Naquele dia, amanhecera colérico e isso me deixara sem a menor disposição para prosear com quem quer que fosse, até comigo mesmo. Haviam roubado a carteira com documentos, cartão de banco e toda a grana que eu tinha. Apagado sob efeito de antialérgicos, cochilei recostado ao vidro no assento 33 do ônibus a caminho do interior e acordei babando com tapinhas nas costas do fiscal que anunciava que já estávamos na rodoviária de Quixadá. Apesar da desconfiança em relação aos de fora logo que falei os nomes dos meus avós, consegui uma carona num pau-de-arara até a entrada do Tapuiará. Das recordações de criança, a terra dos meus avós era uma localidade daquelas bem comuns no interior nordestino. Uma única praça, a igreja ao centro e algumas poucas casas ao redor. Um vilarejo pacato, como se fosse distante de tudo. Sem energia elétrica, sem fluxo constante de carros e cujos moradores viviam em função da criação de algumas magras cabeças de gado, da pesca no açude Pedras Brancas e das plantações de feijão de corda e algodão. Nos dias de hoje no lugar dos jegues haviam muitas motos, e grande parte da população trabalhava na indústria de diesel vegetal que se instalara nos arredores de Quixadá. Eram únicos no linguajar, o que não se perdia com a influência da internet ou da televisão, e apesar da chegada da energia elétrica na vila ainda havia uma tv de tubo ligada numa bateria de carro que ficava na ponta noroeste da praça e era ligada diariamente no comecinho da noite e desligada pontualmente ao final da novela das oito.
Na estrada pro Tapuiará fui relembrando das viagens fantásticas de família no jeep verde 77 do meu pai. Lembrava das montanhas que não passavam e pareciam seres mágicos gigantescos que mesmo cravadas no solo iam nos acompanhando pelo caminho. Agora, aqueles serrotes já não eram assim tão grandes e rapidamente ficavam para trás. Eu tava rememorando o cheiro da comida e o gosto fresco da água de pote na cozinha quando da cabine do pau-de-arara me gritaram que o juazeiro que marca a entrada do povoado tava ficando para trás. Saltei por entre a poeira que levantava da estrada e a fumaça do diesel do caminhão que arrancava em partida. Após a queda, caminhei macambúzio por uns 40 minutos por entre a caatinga que se apinha, debaixo de um céu sem nuvens - "Você não imagina, mano do sul, o que é o sol por trezentos dias encarrilhados" - o ar fino e quente a tremer que me acompanhou até chegar a igreja no centro do povoado. Nos delírios da minha impaciência, e também sob o efeito do coquetel de antialérgicos e analgésicos que me fazia sobreviver após os mil e quinhentos espirros habituais do começar dos dias, parecia que aquele lugar não conseguia comportar mais ninguém ou talvez fosse eu que não coubesse nele. Já havia um de mim lá, em menor escala, dois não caberiam, quanto mais quando um dos dois era grande se comparado aos locais. Quem sabe alguém menos sedento, ou talvez de menor estatura, ou quem sabe lá menos idiota e afobado do que eu. Eu precisava voltar pra Fortaleza e de Fortaleza para o Rio o mais rápido possível.
Na estrada pro Tapuiará fui relembrando das viagens fantásticas de família no jeep verde 77 do meu pai. Lembrava das montanhas que não passavam e pareciam seres mágicos gigantescos que mesmo cravadas no solo iam nos acompanhando pelo caminho. Agora, aqueles serrotes já não eram assim tão grandes e rapidamente ficavam para trás. Eu tava rememorando o cheiro da comida e o gosto fresco da água de pote na cozinha quando da cabine do pau-de-arara me gritaram que o juazeiro que marca a entrada do povoado tava ficando para trás. Saltei por entre a poeira que levantava da estrada e a fumaça do diesel do caminhão que arrancava em partida. Após a queda, caminhei macambúzio por uns 40 minutos por entre a caatinga que se apinha, debaixo de um céu sem nuvens - "Você não imagina, mano do sul, o que é o sol por trezentos dias encarrilhados" - o ar fino e quente a tremer que me acompanhou até chegar a igreja no centro do povoado. Nos delírios da minha impaciência, e também sob o efeito do coquetel de antialérgicos e analgésicos que me fazia sobreviver após os mil e quinhentos espirros habituais do começar dos dias, parecia que aquele lugar não conseguia comportar mais ninguém ou talvez fosse eu que não coubesse nele. Já havia um de mim lá, em menor escala, dois não caberiam, quanto mais quando um dos dois era grande se comparado aos locais. Quem sabe alguém menos sedento, ou talvez de menor estatura, ou quem sabe lá menos idiota e afobado do que eu. Eu precisava voltar pra Fortaleza e de Fortaleza para o Rio o mais rápido possível.
As pessoas dali, que pelo meio da tarde, ainda se reuniam nas calçadas de suas casas no balanço de cadeiras ou se debruçavam às janelas, falavam de uma maneira muito cantada. E não era só a fala. Tudo nelas era singular: o andar, o apertar das mãos ao cumprimentar, o virar das cabeças ao mirar as estrelas. Seus movimentos se desfiguravam e se reconfiguravam aos meus olhos. Devia ser aquele sol escaldante, ou a água, haveriam de ter me drogado ou envenenado pela água. Eu constantemente me lembrava do que uma senhora velha havia me falado sobre o homem que eu procurava - "Ele carregava uma bolsa vermelha que já fazia parte dele. Ela nunca saia de suas costas". Estranho esta baboseira não sair da minha cabeça. Realmente deveria ser aquele sol fixo no céu a cozinhar o meu cérebro e causando miragens na ventania que remexia as folhas soltas em redemoinho.
No passo que cheguei em frente a igreja, olhei para trás. O meu mini clone de terno já estava lá a menos de uns quinhentos metros de mim, e de longe ele parecia ter crescido um pouco. Talvez agora estivesse do meu tamanho. Abri e fechei os olhos várias vezes. Enxuguei a testa, bebi um gole d’água na garrafa de 500 mililitros que carregava no bolso lateral da mochila e fui ao encontro dele. Frente a frente agora éramos do mesmo tamanho. Como estando diante de um espelho, nos encaramos por uma meia hora, calados e sem pestanejar. O tempo ali tinha um efeito paralisante, e quando esbocei abrir a boca para balbuciar um oi, de súbito apaguei.
Acordei com a boca seca, na rede de uma sala de paredes de um rosa desbotado, cheias de retratos em fotopinturas e imagens de santos. Algumas vozes que vinham de um outro cômodo eram repetidas pela minha boca sem que eu conseguisse controlar os meus sussurros. Até o meu sotaque parecia diferente. Beatas carpideiras entoavam rezas se alternando entre ladainhas e choros. Com esforço me livrei daquele transe, levantei lentamente e me pus num passo-curto até a porta do aposento de onde vinham as falas. Um garoto andrógino de olhos virados se posicionava em pé diante de um caixão e molhava com algodão a boca de um defunto vestido com terno branco. No rosto do morto os mesmos óculos escuros, e me vejo novamente, agora pousado num caixão de um quarto cheio de flores murchas e velas com chamas cambaleantes pelo vento forte que entra pela janela entreaberta. Caminho até o caixão tentando não ser percebido, e aí começa novamente todo aquele arrepio na espinha até eu sentir minha pressão baixar, despencar, novamente.
Desperto na dose de cachaça descendo pela garganta, já sentado num tamborete da venda na saída do povoado. Reconheço as paredes de taipo e a menina loira no balcão mastigando chiclete. Uma fome danada faz meu estômago roncar insistentemente e me ofereço algo para comer que de pronto aceito sem pestanejar. O cheiro forte do cozido já alcançara o meu nariz e logo vem a preencher o vazio do estômago. A mulher da venda, mãe da menina loira, ainda me oferece um café, coado e adoçado com rapadura. Aquela mulher não me era estranha e o engraçado é que eu também soava familiar para o olhar prescrutante dela. Por sugestão de dona Eulalia, a mulher da venda, peguei um desvio para chegar antes de escurecer à casa onde iria pernoitar. Agradeço a hospitalidade e começo a me retirar em direção aos terreno nos fundos do estabelecimento, passando por dentro da pequena casa onde fica a mercearia. Numa das fotos no corredor de acesso ao banheiro, um homem de terno branco é retratado de costas enquanto mira a pedra branca.
Desperto na dose de cachaça descendo pela garganta, já sentado num tamborete da venda na saída do povoado. Reconheço as paredes de taipo e a menina loira no balcão mastigando chiclete. Uma fome danada faz meu estômago roncar insistentemente e me ofereço algo para comer que de pronto aceito sem pestanejar. O cheiro forte do cozido já alcançara o meu nariz e logo vem a preencher o vazio do estômago. A mulher da venda, mãe da menina loira, ainda me oferece um café, coado e adoçado com rapadura. Aquela mulher não me era estranha e o engraçado é que eu também soava familiar para o olhar prescrutante dela. Por sugestão de dona Eulalia, a mulher da venda, peguei um desvio para chegar antes de escurecer à casa onde iria pernoitar. Agradeço a hospitalidade e começo a me retirar em direção aos terreno nos fundos do estabelecimento, passando por dentro da pequena casa onde fica a mercearia. Numa das fotos no corredor de acesso ao banheiro, um homem de terno branco é retratado de costas enquanto mira a pedra branca.
Na trilha pelo cascalho que começa na mata secacinza dos fundos da casa destoando apenas dos mandacarus verdesfloridos, já consigo avistar a pedra branca, e a frente bem ao longe, a serra azul. Meu pouso era a velha casa avarandada quase no sopé da serra, onde vivem Manoel e Alzira, meus avós por parte de mãe. Como toda a gente do interior, no que recordo deles, meus avós têm hábitos bem matutinos, acordam ainda de madrugada e de pronto já partem na direção do açude. A rotina de afazeres simples, buscar água, colher feijão, alimentar as galinhas e cuidar do terreiro vai sendo preenchida até chegar a hora de deitar logo após se balançarem em cadeiras trançadas de cordas coloridas enquanto proseiam em causos, contação de lendas e poesias até tão logo chegar o anoitecer.
No terço do caminho entre a pedra branca e a serra azul havia o pequeno açude do encantado e com o sol ainda fervilhante do meio da tarde, não tive outra opção a não ser retirar a roupa e entrar na água. Olho ao redor, nenhuma viva alma por perto, procuro um ponto mais alto e num salto mergulho faço levantar em voo as aves de arribação. Na memória da água, das chuvas do passado, vou submergindo e retorno ao presente sem achar as minhas roupas que havia deixado repousando sobre uma pedra. Não há ninguém, nenhum primo brincalhão que possa ter escondido meu calção após me convencer a tomar banho pelado, e o que me resta são as lembranças maliciosas de meninos imorais enquanto caminho por uns dois quilômetros entre a babugem que se anuncia na mata seca, me arranhando em espinhos e folhas de ortiga.
Eu tava retirando alguns espinhos do pé quando avisto alguém parado, de pé sobre um tronco, de braços abertos. Alguém me convidava para um abraço. Cena tosca, quase Ceará Horror Story. Chego mais perto e me deparo com um espantalho de terno branco e óculos escuros. Agora vestido, e novamente com a minha carteira, desisto de seguir em frente. Retorno para o vilarejo após ler o bilhete que achei no bolso do paletó.
Eu tava retirando alguns espinhos do pé quando avisto alguém parado, de pé sobre um tronco, de braços abertos. Alguém me convidava para um abraço. Cena tosca, quase Ceará Horror Story. Chego mais perto e me deparo com um espantalho de terno branco e óculos escuros. Agora vestido, e novamente com a minha carteira, desisto de seguir em frente. Retorno para o vilarejo após ler o bilhete que achei no bolso do paletó.
O cortejo fúnebre que saia da igreja, dava a volta em torno da praça e seguia até o cemitério que fica por trás do vilarejo. Do caixão ainda aberto pendia o braço direito do morto, balançando enquanto o vidro do relógio em seu pulso refletia um feixe de luz em meus olhos. Quando entrei na igreja, as velhas carpideiras estavam recebendo o pagamento pelo choro. O anão cazuza fez sinal com a mão me chamando para a sala atrás da sacristia, e eu o sigo até o portal de passagem. Ao entrar, um vento forte fez a poeira do sertão invadir o aposento. Levo as mãos até os olhos quando escuto uma voz macia me soprar algo ao ouvido: “O moço recebeu o recado?”. Olho em volta e não vejo ninguém além de mim mesmo. “Talvez o senhor tenha chegado um pouco atrasado. O homem da mochila vermelha está sendo levado agora para ser enterrado”. Pergunto então pela mochila. “A carga que deve se levar nas costas foi devolvida ao senhor. Não lembra?” "Talvez você esteja se referindo ao homem de terno branco". “Exato, o senhor está de terno branco. O outro igual a você já não se encontra entre nós”. "O bilhete dizia que ele me receberia aqui na igreja". “Ele o esperou por cerca de uma hora. Teve que ir até a delegacia fazer um boletim de ocorrência pois teve a carteira roubada quando estava voltando da serra azul”. "Qual é a graça dele?" “O povo daqui o trata por Tômas, mas me parece que o nome é outro”. "Ok. E o que você pode me dizer além disso?" “Na carteira havia outro nome”. "Então a carteira dele já foi achada. Por que não o devolveram?" “Não tivemos tempo, a nave subiu pontualmente às 16:30, e o senhor só chegou aqui meia hora depois.” "Mas a carteira que trago comigo é minha."
Num relance passo os olhos pela sacristia. Aos pés da cortina vejo o New Balance que calçava antes de mergulhar no açude. Pela janela, avisto a pedra branca se destacando na paisagem, uma grande sombra sobre ela ia diminuindo até a montanha se encontrar completamente iluminada novamente. Um vulto passa correndo e sai pela porta por onde entrei. A noite vai caindo e as pessoas se amontoam ao redor da tv na praça. A vila inteira estava lá com seus tamboretes. Dona Eulalia da venda me sorri e aponta na direção do cemitério. Vou até a esquina e me sento ao lado dela. Os que voltavam do velório traziam a noticia de um clarão repentino e do sumiço do morto. No lugar da novela, o plantão de notícias anunciava que o exercito havia derrubado duas espaçonaves nos céus do sertão central do Ceará e que os Ets tinham sido cercados em campos de concentração às margens da CE-060. Pessoas que haviam presenciado a explosão estavam sendo entrevistadas. Pela imagem da tv, por trás do repórter aparecia um homem de terno branco, óculos Ray Ban carregando uma mochila vermelha, e mais atrás ainda algumas pessoas de aparência singular se movimentavam de forma estranha em torno de uma tv instalada numa praça de frente a uma igreja. Voltei os olhos para o céu e um grande espelho iluminado ocupava todo o espaço sobre o vilarejo tapando parte do céu estrelado. Numa espécie de transe entre uma imagem e um acontecimento todos ali se viam refletidos lá em cima pendendo de ponta-cabeça, ou talvez estavam lá em cima olhando para as suas sombras aqui embaixo. Dona Eulalia, meus avós, os gêmeos, a menina loira com um olho azul e o outro verde, Brasa Viva, o anão Cazuza apoiado em sua bicicleta, todos. Naquele momento os únicos sons eram o ruído da desintonia da tv e o grito de uma rasga mortalha que cruzava a noite ao norte na direção da pedra branca. Demorei um pouco a perceber uma ausência. Todos ali se viam refletidos naquele grande espelho brilhante e a única imagem que não aparecia naquela superfície voadora pairada no meio do sertão era a minha.
Num relance passo os olhos pela sacristia. Aos pés da cortina vejo o New Balance que calçava antes de mergulhar no açude. Pela janela, avisto a pedra branca se destacando na paisagem, uma grande sombra sobre ela ia diminuindo até a montanha se encontrar completamente iluminada novamente. Um vulto passa correndo e sai pela porta por onde entrei. A noite vai caindo e as pessoas se amontoam ao redor da tv na praça. A vila inteira estava lá com seus tamboretes. Dona Eulalia da venda me sorri e aponta na direção do cemitério. Vou até a esquina e me sento ao lado dela. Os que voltavam do velório traziam a noticia de um clarão repentino e do sumiço do morto. No lugar da novela, o plantão de notícias anunciava que o exercito havia derrubado duas espaçonaves nos céus do sertão central do Ceará e que os Ets tinham sido cercados em campos de concentração às margens da CE-060. Pessoas que haviam presenciado a explosão estavam sendo entrevistadas. Pela imagem da tv, por trás do repórter aparecia um homem de terno branco, óculos Ray Ban carregando uma mochila vermelha, e mais atrás ainda algumas pessoas de aparência singular se movimentavam de forma estranha em torno de uma tv instalada numa praça de frente a uma igreja. Voltei os olhos para o céu e um grande espelho iluminado ocupava todo o espaço sobre o vilarejo tapando parte do céu estrelado. Numa espécie de transe entre uma imagem e um acontecimento todos ali se viam refletidos lá em cima pendendo de ponta-cabeça, ou talvez estavam lá em cima olhando para as suas sombras aqui embaixo. Dona Eulalia, meus avós, os gêmeos, a menina loira com um olho azul e o outro verde, Brasa Viva, o anão Cazuza apoiado em sua bicicleta, todos. Naquele momento os únicos sons eram o ruído da desintonia da tv e o grito de uma rasga mortalha que cruzava a noite ao norte na direção da pedra branca. Demorei um pouco a perceber uma ausência. Todos ali se viam refletidos naquele grande espelho brilhante e a única imagem que não aparecia naquela superfície voadora pairada no meio do sertão era a minha.